segunda-feira, 6 de maio de 2013

O PROJETO:
EDUCOMUNICAÇÃO: prática emancipatória

“O conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos, para melhorar o coeficiente comunicativo das ações educativas, desenvolver o espírito crítico dos usuários dos meios massivas, usar adequadamente os recursos da informação nas práticas educativas, e ampliar a capacidade de expressão das pessoas.” SOARES(2002)


 Mídia: espaço de domesticação dos corpos

Não é novidade nenhuma dissertar sobre a mídia na contemporaneidade e como a evolução tecnológica propicia a aceleração e inovação dos suportes midiáticos. Dada essa imensa produção, a mídia exerce cada dia mais influência sobre a vida cotidiana das pessoas, fato este que pode ser observado em diversas práticas do dia a dia.

Neste sentido, queremos evidenciar que a mídia, em particular, a mídia impressa, por meio do discurso jornalístico (doravante DJ), passa a gerenciar um acontecimento discursivo através da materialização dos textos que o DJ faz circular. Ao proceder desta forma, a mídia impõe a dado acontecimento discursivo gestos de interpretação que levam ao sentido único, ou seja, com a materialização linguística, a imprensa e os demais segmentos midiáticos passam a gerir e controlar os acontecimentos discursivos, construindo, assim, relações de poder e verdade. Sobre isso,


Acreditamos que assim, como o discurso científico, o discurso midiático não é imparcial e não consegue reproduzir precisamente o real, mesmo que se declare, vez ou outra, meramente em transmitir – transparentemente- a verdade. Os discursos da mídia mostram-se também impregnados, como todo discurso, de equívoco e distorções. Uma vez que os discursos são suscetíveis a falhas e a equívocos, alguns saberes divulgados pela mídia irão ser legitimados como verdadeiros, enquanto outros não.

Para que seja possível, então, compreendermos um pouco melhor os mecanismos   do discurso jornalístico que ajudam a legitimar o verdadeiro de cada época, a mídia é tratada como uma máquina que seleciona, copia, edita, regula os saberes para que se tornem verdadeiros e se integrem à “ordem do discurso”. E as pessoas em geral, e as instituições de poder, em específico, vêem nesses “saberes verdadeiros” aquilo que precisa ser oficializado e legitimado, passando assim a se tornar poder e desfrutar dos privilégios sociais. (GÓIS, 2007, p.78-79)


Conforme Góis (2007), na construção dessas relações, o campo midiático, lançando mão do DJ, tenta “vender” um ethos de imparcialidade. No entanto, sabemos que o jornalista não pode falar como quiser, pois há regras coercivas dos dizeres da instituição jornalística, da formação discursiva da qual faz parte, de gênero, de espaço de circulação dos discursos. São esses elementos que irão determinar o que pode ou não enunciar num dado espaço e tempo. Em decorrência desse lugar social em que se inscreve, para poder organizar o seu discurso, o jornalista deixa vestígios na materialidade linguística das cargas ideológicas características da FD e/ou FDs que pertence, o que desmascara a imparcialidade que tanto conclamam.

O ponto mais importante que queremos levantar é que a mídia, como outras instituições sociais: escola, igreja, Estado etc., por meio da organização de seus discursos, exercesse (des)mascaradamente mecanismos de controle dos sentidos, onde o “real/ verdadeiro” se constrói por intermédio dela.

Funcionando como uma máquina autorizada a construir “o sentido”, a mídia ao discursivizar sobre o acontecimento “desenvolvimento sustentável” passa a exercer aquilo que Foucault chama de biopoder, tecnologia de poder que visa a gerir o corpo social. Assim, a mídia enquanto construtora de imagens simbólicas, segundo Gregolin (2003) “participa ativamente, na sociedade atual, da construção do imaginário social, no interior do qual os indivíduos percebem--se em relação a si mesmos e em relação aos outros”. Neste prisma, o mecanismo de poder sobre a significação objetiva controlar e gerir um sentido que seja coletivo, organizando os corpos em processos biológicos de conjunto:


o biopoder funda mecanismos cujo alcance é global e que levam em conta “a vida, os processos biológicos do homem-espécie” e asseguram “sobre eles não uma disciplina, mas uma regulamentação”. É um poder regulamentador, contínuo, que faz viver e deixa morrer, um poder que controla os eventos fortuitos e, sempre que possível, busca meios de modificá-los. (FOSSEY, 2011, p.33)


            Diante do exposto, cremos que o campo midiático é sem dúvida nenhuma uma instância, onde se instaura práticas de saber e poder, pois os sentidos dados por ela a determinado fenômeno discursivo deve ser absorvido pelos sujeitos como verdade. Logo, a interpretação é reorganizada conforme os critérios e aos padrões da FD midiática. Queremos, com isso, concordar com Krieg-Planque (2010) quando afirma que na organização de seus discursos os jornalistas constroem o espaço público e nessa construção há uma perpetuação de relações de poder e opinião, quando sustentam o ponto de vista dominante, legitimando um espaço de verdade, mesmo carregado de interpretações e significações diversas.

            Pensando nisso, acreditamos que a escola torna-se um dos espaços para discussão, análise e por que não de produção de  discursos midiáticos, no sentido de por em evidência diferentes saberes dialogando entre si, e mais ainda, lugar para colocar em evidência a voz do aluno que quase sempre é silenciada. Queremos com isso desnaturalizar/ desconstruir no âmbito escolar uma única via autoral, melhor dizendo, consolidar práticas educomunicativas que por sua própria essência busca fortalecer ecossistemas comunicativos.* (do conceito de ecossistema desenvolvido pela Biologia, é importante ressaltar a relação de trocas, de interdependência entre os seres diferentes, que acontece em variados níveis; e do fato de que ecossistemas maiores podem conter ecossistemas menores)

            Para tanto, o conceito de Educomunicação é entendido na perspectiva da gestão comunicativa “ a organização do ambiente, a disponibilidade dos recursos, o modus faciend dos sujeitos envolvidos e o conjunto das ações que caracterizam determinado tipo de educação comunicacional.” (Soares, p.8). Nesse sentido, a escola ao tomar para si uma visão educomunicativa, passa a fomentar diariamente experiências culturais heterogêneas, onde as novas tecnologias da informação e da comunicação, configuram um espaço educacional como lugar em que o processo de aprendizagem conserva seu encanto. Parafraseando aqui  Soares que diz da necessidade da criação de verdadeiros ecossistemas comunicativos, nos espaços educativos, espaços que cuidem da saúde e do bom fluxo das relações entre as pessoas e os grupos humanos, bem como do acesso ao uso adequado das tecnologias da informação por todos que participam do processo educomunicativo.

             Diante do exposto, asseveramos da importância do projeto à Comunidade escolar para que a comunicação aconteça num viés educomunicativo, para que todos interajam de forma participativa, ativa e mais emanciapatória.



OBJETIVO

- Criar e fortalecer ecossistemas comunicativos no espaço escolar, por meio de uma gestão participativa.



METODOLOGIA

Conforme salienta Soares  em “Novas Tecnologias de informação e comunicação em redes educativas” que não se pode confundir procedimentos educomunicativos do projeto Educom.rádio  com a didática própria da produção de programas de rádio com o uso de gravadores de mão, para ele seria reducionismo pensar que só a oficina representa o projeto na sua integridade. Afirma ainda que é justamente o fato da educomunicação apresentar-se como uma filosofia de trabalho mais do que como uma metodologia de ação específica, que o projeto permanece na rede, apesar da descontinuidade no processo de formação, regulamentado em lei em dezembro de 2005. Desta forma nosso trabalho tem como propósito tornar-se também não sabemos se uma filosofia, assim como pensa Soares, mas como uma postura dialógica entre os pares, que descentralizem as vozes, contribuindo para relações que busquem equilíbrio e harmonia neste ambiente em que convivem diferentes atores, para que esse possam interagir no mundo tecnológica, e nas demais esferas de maneira partícipe.

Sendo assim, o projeto que ora apresentamos tem um caráter processual e continum, pensado numa visão de gestão comunicativa, portanto um fazer diário para a consolidação de um ambiente realmente educomunicativo. Temos assim organizado até o momento nossas atividades .



Nenhum comentário:

Postar um comentário